Lembrar de nosso maior patrimônio, nossos funcionários, parte de uma história memorável.

Ex-funcionários do JBN contam como foi trabalhar no semanal.

Existente desde 1931, o JBN foi o semanal mais comentado nos anos 80 e 90. Com sua linha editorial voltada para questões políticas, em momento da instalação do Estado Novo, teve, e tem, uma grande importância para Itaperuna e região. Jornal Brasil Novo virou nome de rua e até tema de monografia e artigo de professores renomados da cidade.

Vamos conhecer agora, pessoas que escreveram e fizeram história nesse importante veículo de comunicação que inovou, e desde 2015 também conta um portal com notícias atualizadas e socializadas diariamente nas redes sociais.

Luiz Carlos Pinto, 63 anos, trabalhou na segunda fase do Jornal Brasil Novo por 13 anos. Saudosista, ele relembrou em entrevista ao JBN dos tempos em que tocava o jornal somente com um redator e um linotipista, no início da década de oitenta.

O senhor Luiz Carlos, que trabalhou em gráficas desde os 11 anos de idade, lembrou das dificuldades que envolviam a edição e impressão de um veículo de comunicação tão importante para a época. Com uma simples máquina tipográfica, nas dependências de um antigo galpão na Rua Rubens Tinoco Ferraz, no bairro Cidade Nova, em Itaperuna, onde funcionava a antiga redação do Brasil Novo, viu milhares de letras e fotos se materializarem em páginas e mais páginas que semanalmente, levavam notícias diversas ao seus leitores.

Lembrou também de um grande momento de pioneirismo e inovação, quando projetou e publicou uma edição especial em comemoração ao dia 10 de maio. O periódico foi impresso em duas cores: Azul e preto. Uma singularidade para a época.

Orgulhoso de seu trabalho, guarda como relíquia, das quais sente muito ciúmes, mais de cem exemplares do jornal que define como troféus: “esses jornais para mim são como um troféu. Nunca tive um, de fato, em minhas mãos, mas estes exemplares, para mim, são como troféus.”__ declara ele, enquanto segura nas mãos um raro exemplar do JBN.

Parceiro de redaçao de Luiz Carlos, Carlos Alberto Moreira Dinucci, 59, também lembra com carinho do trabalho e do dia a dia. Trabalhou entre os anos de 87 e 94.  Era linotipista, uma forma de montar as linhas das páginas em caldeira de chumbo derretido. Cada letra era uma matriz onde o chumbo era moldado.

O amigo Luiz ficava por conta da diagramação e impressão, enquanto Betinho, como carinhosamente é chamado, fazia as linhas de chumbo. “Tudo era muito mais complicado de se fazer para produzir um jornal, mesmo com a tecnologia hoje, a nosso favor, sinto saudades daquela época”, disse Betinho, que trabalhou em cinco jornais e era o único linotipista da região na época.

O trabalho sempre foi um desafio para estes profissionais. Mesmo com as dificuldades, Betinho manteve a família e educou os três filhos “derretendo chumbo”. “No início dos anos 90 surgiu o computador e nosso trabalho foi ficando mais ágil”, lembrou.

Há dez anos, Betinho desistiu da carreira e escolheu o mundo eletrônico. Hoje administra uma eletrônica no bairro Aeroporto, em Itaperuna.

“A profissão fica no sangue, a saudade também”, finalizou.

Por Bianca Marques