Situação semelhante à do Paduano vive o Itaperuna. O tradicional clube do interior do Estado, o único do Noroeste a já ter estado na primeira divisão do Carioca, hoje vive seus dias mais difíceis. No começo de 2017, a Águia anunciou que voltaria ao futebol profissional, uma notícia que mobilizou a cidade. Porém, parte do Estádio Jair Siqueira Bittencourt já tinha sido demolida e o clube precisou encontrar outro lugar para jogar, com a certeza de que a presença de público ajudaria a pagar as contas. Mas não foi o que aconteceu.

Em grave crise financeira, o Itaperuna é outro clube que precisa fazer viagens até para os jogos como mandante, já que tem atuado “em casa” na cidade de Cardoso Moreira, a 60 km de distância. A diretoria pretendia atuar em Miracema, que fica tão longe quanto Cardoso, e se mobilizou para conseguir laudos técnicos. Viagem daqui, viagem dali, ida ao Rio para obter assinatura de autoridades e… porta na cara. A frustração foi deixando o presidente Aílton Salles resignado e, hoje, ele simplesmente lamenta que as coisas tenham tomado um rumo irreversível.

– Recebemos essa notícia (da suspensão) com muita tristeza. Foi um choque muito grande, as pessoas aqui ficaram decepcionadas com isso. Eu estou desde o fim do primeiro turno com o estádio praticamente liberado em Miracema, sem poder jogar lá. E, sem jogar em casa, não tem renda, não dá para pagar um borderô que custa R$ 5 mil, 6 mil. A gente tenta solucionar o problema como dá. Se não der, como vai se fazer? Não tem outro jeito… – murmura.

Dentro de campo, o Itaperuna superou um primeiro turno de altos e baixos para seguir lutando até o fim pela classificação. O time chegou à última semana do campeonato com cinco pontos de desvantagem para o Tomazinho, que está na zona de classificação para o play-off de acesso. Se vencesse suas duas últimas partidas, conquistaria a vaga na etapa que poderia colocá-lo na Terceirona de 2018. A suspensão e as dívidas, no entanto, parecem ter colocado por água abaixo o sonho de um time que vinha em franca ascensão.

Se a tristeza já é grande por isso, são grandes as dificuldades vividas internamente. Há duas semanas, Aílton Salles chegou ao clube e foi surpreendido por dois agentes de segurança e um oficial de justiça, que tinham um mandado para trocar as fechaduras das portas, após ação impetrada pelo vice-presidente do Itaperuna, Tito Liberato. O vice dizia que Aílton tinha sido cassado após uma assembleia extraordinária que investigava contratos de locação que não tinham autorização dos conselheiros. O presidente considerou a medida uma arbitrariedade.

Aílton entrou então com uma queixa-crime e voltou às dependências do clube. Mesmo com a assembleia tendo decidido pela cassação do presidente, Tito prometeu ir à Justiça para fazer valer o que ficou definido no encontro entre conselheiros e a troca de acusações permanece. Enquanto o campeonato não acaba, o Itaperuna admite que não tem dinheiro para pagar a dívida. Um fim melancólico para quem já foi campeão da terceira e da segunda divisão em apenas dois anos, ainda nos tempos em que era chamado de Porto Alegre.

– Eu até entendo que a Federação poderia aguardar o fim do campeonato para fazer essa cobrança. Hoje, o Itaperuna não tem como pagar essa dívida. Neste momento, não tem como mesmo. Só é possível fazer uma previsão sobre quando vai dar para saldar tudo aos poucos. Devo receber logo a informação sobre o valor que o clube deve e, então, vou ver o que dá para fazer – reconhece o presidente.

Da redação do JBN – Fonte: FutRio – Foto: Álvaro Pereira