Trechos de um novo acordo de leniência ao qual a TV Globo teve acesso mostram que o esquema de pagamentos de propina no governo do Rio continuou na gestão de Luiz Fernando Pezão. De acordo com Marcos Andrade Barbosa Silva, que é diretor da empresa União Norte, o atual secretário estadual de Obras do Rio, José Iran, recebeu mais de R$ 1 milhão em propina.

O acordo de leniência (espécie de delação premiada de uma empresa) faz parte da operação C’est Fini, que investiga fraudes no Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Na quinta-feira (23), a Polícia Federal prendeu o ex-presidente do DER, Henrique Alberto Santos Ribeiro, o ex-secretário de Casa Civil da gestão Sérgio Cabral, Régis Fichtner, e outras três pessoas por envolvimento em esquemas de propina.

Segundo depoimento do empreiteiro Marcos Andrade, o atual secretário de Obras passou a cobrar no máximo 1% sobre o valor dos contratos, e não mais 6% como era na gestão anterior. O delator Marcos Andrade é diretor comercial da empreiteira União Norte Fluminense Engenharia e Comércio Limitada, empresa responsável por obras na na RJ-186, estrada que liga as cidades de Santo Antônio de Pádua a Bom Jesus do Itabapoana, no Noroeste Fluminense.

A propina, segundo o empreiteiro, era paga ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e ao Governo. No depoimento, ele cita o ex-presidente do Departamento de Estradas de Rodagem e o presidente afastado do TCE, Aloysio Neves, que está em prisão domiciliar. Ele diz que na RJ-186, por ser uma obra muito cara, negociou 0,5% do valor total do contrato. E afirmou ainda que Henrique Ribeiro mandou pagar diretamente a Aloisio Neves o valor de R$ 1,1 milhão. O pagamento, segundo ele, foi realizado em parcelas entre março e junho de 2014.

Marcos Andrade diz que com a saída de Sérgio Cabral e a entrada de Luiz Fernando Pezão em 2015, José Iran passou a acertar os pagamentos. Ele diz que a obra estava parada e procurou o secretário para que o governo liberasse o dinheiro e que pudesse acertar os novos percentuais de propina ao secretário.

O delator afirmou que estava preocupado com a Lava Jato e acordou baixar o valor de 6% para 1%. Segundo o delator, esse 1% representou cerca de R$1,1 milhão pagos entre abril de 2015 e meados de 2016. A delação aponta que a partir de 2015 os pagamentos passaram a ser feitos na casa do secretário, na Barra da Tijuca.

O secretário José Iran Peixoto Júnior disse que a acusação é absurda e não tem fundamento, uma vez que a gestão da obra foi do Departamento de Estradas e Rodagem.

Da redação do JBN com informações do G1